MÃO NO OMBRO
Quando a ausência
dominava as ruas que habitávamos,
alguém ofereceu
o seu nada contristado.
Quando os caminhos da encruzilhada
prometiam o desespero,
alguém concedeu
a sua companhia inviável.
Quando a única resposta à tristeza
era outra tristeza,
alguém dispensou um lenço,
poucas lágrimas.
Os pássaros cantavam,
a natureza dava o melhor de si,
mas todos pensaram que era indiferença –
sentiram-se deuses abandonados.
REENCONTRO
Partiste há muito tempo,
quando voltaste não te reconheci.
As crianças que brincaram,
quase ausentes,
pertencem a outras circunstâncias.
Só num aspecto ficaste próximo:
não foi a memória
ou o instante que permanece,
apenas um horizonte que nunca vi
e acende o brilho antigo a norte.
Sem comentários:
Enviar um comentário