segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Dois Poemas de PROTECÇÃO DAS SÍLABAS, de José Luis Puerto

OS BÁRBAROS

Hoy llegan los bárbaros

CONSTANTINO CAVAFIS



Que bom, se viessem os bárbaros,
Quanta desordem trariam
Quanta vida nas suas garupas,
Quanto perfume novo
Para arejar as velhas convenções.
Partiria aborrecido o tédio
Com sua amada rotina
Para outro reino, bem longe…
Os tribunais e as magistraturas
(Tanto palácio estéril
Entre nós)
Se esconderiam lívidos
Perante o galope vital dos bárbaros,
Não cresceria a erva do nosso aborrecimento
Debaixo das suas ferraduras
Nem a hipocrisia reinaria nos rostos
De tantos transeuntes.
Que bom, se viessem os bárbaros.
Mas o campo é estéril,
Não se avista a poeira das hostes
Nem se ouvem os seus galopes.
Dizem que já não há bárbaros,
Que pena…


(Paisage de invierno, 1993)




Bater de relógios
Perfurada a harmonia
Deste instante perfeito em que a pluma
Desliza em galope pela intacta
Planura e a convida
Para o mágico festim das palavras.



(El tiempo que nos teje, 1982)

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