ele mesmo te
dirá o que deves fazer
deitado a seus
pés como um cão
com o coração
num contínuo
limiar da porta
verdes as nossas
ruínas
e a cidade que
tem um nome
que vem de ti
pelos frutos os
conheces
há choro e
ranger de dentes
entristeço
quando ouço poesia
baixo os olhos
em sinal de respeito
e rezo para que
a tua língua ache
o caminho
estreito da minha casa
escrevo para
ordenar a febre
deixo crescer o
cabelo
para te enxugar
os pés
não tenho mãos
para dizer adeus
onde estiver o
meu corpo
a tua mão no meu
pescoço
não ficará pedra
sobre pedra
demoro-me nos
retratos
com o tempo de
quem disseca um cadáver
prazer que não
nos concedemos no dia a dia
encontro na
beleza uma a uma pacientemente
falhas que te
dizem menos do que perfeito
e me fazem
amar-te mais
Paulo Brás tem
24 anos. Entre fevereiro de 2011 e fevereiro de 2012 leu integralmente a Bíblia
Sagrada e recombinou motivos e citações de forma não-aleatória. Este é um
trecho do seu livro morse: o corpo distribuído (ainda inédito).
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