quinta-feira, 26 de julho de 2012

LINHA DE FOGO, de António Carlos Cortez


DA LINGUAGEM, HOJE


Aprendeste cedo de mais a morte
e o mundo das palavras vagas
De vaga em vaga vieram os vocábulos
frágeis construções inflamáveis
- linha de fogo      Negra luz difusa

Aprendemos quase nada muito tarde...
Nestes tempos de vidro nos fixamos
(Ainda haverá esperança para entender a alegria?)
Perguntas: O que teria sido ou não teria
sido eterno ou efémero para nós agora

Palavras tacteadas como poros
onde estamos para além da história
Alfabeto mortal   nele nascemos
no nosso ameaçado viver contemporâneo
Num mundo de que não sabes tirar o peso

de palavras que disseste e eram mentira
restam-te vagas antigas Cantos do signo
A tua boca diz lexemas – realidades duplas:
«amor», «literatura», «vida», «morte»
.........................................................

(quem fala afinal quando
exausto de falar teu mundo escutas?)

1 comentário:

  1. Caríssimo Prof.

    Acabo de ler este seu poema e queria comentá-lo, mas...como fazê-lo? com que palavras? com as suas!
    (Aprendemos quase nada muito tarde)
    --Quero dizer-lhe que é uma verdade incontestada.
    Quanto mais vivemos, mais sabemos que é essa a realidade.

    Quer dizer-lhe quanto me sinto orgulhosa por ter sido sua aluna e enviar-lhe um beijo.

    P.S. Sempre que haja um acontecimento em que eu possa participar ou estar presente, é uma honra.

    »felismina.mealha@hotmail.com»















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