Dois Poemas de O VIDRO TRANSLÚCIDO,
de Eunice de Lemos
(apresentação dia 25 de maio,
na livraria Bulhosa,
Entre-Campos, Lisboa)
φιλοσοφία
O amante ignora
O desejo testemunha
um conhecimento imperfeito
O objecto é um mito
Ante um vidro translúcido
vemos o que queremos
Mas há-de escorrer água…
O vidro desfaz-se
o mito aclara-se
Finda a procura,
ergue-se objectiva
a pureza da sophia.
Era de Aquário
olhar grego daquela luz grega,
da mesma luz do Parténon, lá no cimo,
uma serena confiança no futuro
Tão perto dos deuses, seu olhar puro
conserva já a mesma razão antiga
que depois de peixes pereceu
e agora nascerá com nova vida
A emoção cega será contida
É isso que anseio e nisso que cismo:
Ter em mim o poder daquele olhar infindo
Admiro essa luz que não é minha:
que se espalhe e devagar se concretize
como se de Delfos fosse uma profecia.
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