terça-feira, 3 de abril de 2012

O VIDRO TRANSLÚCIDO, de Eunice de Lemos

Dois Poemas de O VIDRO TRANSLÚCIDO,

de Eunice de Lemos

(apresentação dia 25 de maio,

na livraria Bulhosa,

Entre-Campos, Lisboa)



φιλοσοφία


O amante ignora

O desejo testemunha

um conhecimento imperfeito

O objecto é um mito

Ante um vidro translúcido

vemos o que queremos

Mas há-de escorrer água…

O vidro desfaz-se

o mito aclara-se

Finda a procura,

ergue-se objectiva

a pureza da sophia.




Era de Aquário


No olhar límpido calmo cristalino,

olhar grego daquela luz grega,

da mesma luz do Parténon, lá no cimo,

uma serena confiança no futuro

Tão perto dos deuses, seu olhar puro

conserva já a mesma razão antiga

que depois de peixes pereceu

e agora nascerá com nova vida

A emoção cega será contida

É isso que anseio e nisso que cismo:

Ter em mim o poder daquele olhar infindo

Admiro essa luz que não é minha:

que se espalhe e devagar se concretize

como se de Delfos fosse uma profecia.

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