quinta-feira, 24 de março de 2011

Um poema de PESSOANAS, de Ponç Pons - a publicar em breve

AREIA ESCRITA


Tenho uma tenda de campanha lusa.
Planto-a discretamente pelo norte da ilha
nas praias desertas de Setembro.
Como pão feito por mim e fruta,
passeio, escuto, escrevo,
falo com as árvores,
leio o mar.

Não duvides:

Viver é mais do que existir.

Sobre a areia
agradeço à noite os seus mistérios
e acendo uma fogueira de lenha morta.
O fumo parece uma oferenda,
o vento muda...
Invento a eternidade.
Troveja.

Chove terra.


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PONÇ PONS (Minorca, 1956) é professor de Literatura especializado em literatura francesa e portuguesa. Colaborou com artigos e crítica literária em diversos diários e revistas das Ilhas Baleares. Publicou as narrações Vora un balcó sota un mar inaudible (1981), o livro de poemas Al marge (1983) e o romance Cor de pàgina esbrellada (1984), reeditado posteriormente com o título L’hivern a Belleville. Em 1987 publicou o livro de poemas Lira de Bova e em 1989 Desert encès, que será nomeado para o Prémio Nacional de Literatura, e a tradução Quatre Poetes Portuguesos (Miguel Torga, Jorge de Sena, Alexandre O’Neill, Eugénio de Andrade), Prémio da Crítica Cavalo Verde.
A partir de 1992 começou a publicar contos infantis que escrevia para os seus filhos: El Drac Basili, Miquelet el futbolista, El vampiret Draculet, El Rei negre, e o romance de aventuras Memorial de Tabarka, que se converteu em clássico juvenil.
Em 1995 retomou a publicação de poesia com On s’acaba el sender, Prémio Cidade de Palma Joan Alcover, e Estigma, Prémio Jogos Florais de Barcelona e Prémio da Crítica. Em 1996 ganhou o Prémio Carles Riba com El salobre, e o Prémio Guillem Cifre de Colonya com o romance juvenil Entre el cel i la terra.
Ultimamente publicou um conjunto de poemas e narrações intitulado Abissínia, o primeiro volume do seu Dillatari, ganhou a Viola d’Or i Argent, o Prémio da Crítica Serra d’Or e o Prémio Nacional de Poesia com Nura e traduziu Sophia de Mello Breyner Andresen e Salvatore Quasimodo.
A sua obra poética figura nas mais importantes antologias. Escreve à mão e à luz de velas numa cabana de seixos no campo que se chama “Sa Figuera Verda.”

A este livro, que agora publicamos, foram atribuídos os Prémios Afonso, O Magnânimo, Valência de Poesia e o Prémio da Crítica da Associação de Escritores.

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