Wang Wei nasceu em 701, no norte
da China, onde passou a infância e a juventude, e faleceu em 761. O seu pai desempenhava
um alto cargo na administração imperial, a sua mãe era uma fervorosa seguidora
do budismo. Desde muito cedo revelou talentos de músico, pintor e poeta. Aos
vinte anos foi-lhe atribuído o lugar de secretário para a música na capital da
província. Mais tarde foi deportado para o interior, em resultado de uma falta
cometida por um seu subordinado. Aos vinte e sete anos retira-se para a
montanha e no regresso casa-se. A sua mulher morrerá quando ele tem trinta anos,
não mais voltará a casar.
Nesta época florescem o budismo,
a pintura de paisagens e a poesia com Li Po e Tu Fu. Este budismo é uma versão
taoista chinesa do budismo original indiano e propõe uma união entre o “eu” e a
natureza. Trata-se de uma experiência que é revelação imediata e intuitiva do
infinito ciclo vital em todos os seres viventes, experiência que mobiliza um
intenso sentimento de liberdade e de compaixão com todos as criaturas vivas.
Influenciado pela mãe, Wang Wei
estuda o budismo. Nos seus poemas irá procurar captar o vazio como forma de
conhecimento da eternidade. Compreender o vazio é compreender que tudo nos
escapa e que não há verdade absoluta. Daqui o acordo necessário entre a arte e
o ritmo espontâneo e orgânico da natureza.
De 740 a 755, Wang Wei ocupa
funções elevadas na administração da província, mas estas funções são
equilibradas com longos retiros na montanha. Em 750 funda um mosteiro para dar
abrigo a monges budistas, neste mosteiro passará muitas temporadas em meditação. Em 755,
em consequência de uma violenta rebelião, o imperador foge para sul, Wang Wei é
encarcerado e a música banida. Em 759, com o regresso ao poder dos antigos
senhores, Wang Wei é de novo reconduzido nas suas funções de secretário de
estado para a música.
Este é um dos poemas da sua
velhice
Com a idade já demasiado lento para compor poemas
Só a velhice por companhia
Nesta vida poeta por engano
Sem dúvida, pintor numa existência anterior
Não podemos abandonar os velhos hábitos
Por acaso conhecido no mundo pelas pessoas
Se o meu nome e apelido concordam
Que sabe o coração verdadeiramente?
Traduzir poesia é verter um
líquido precioso de um vaso para outro. Foi o que fiz, neste caso como noutros,
a partir de versões em diferentes línguas.
Toda a poesia sofre a marca do
Tempo. Alguma, como neste caso, a sua intemporalidade é urgência e chegou
passado muito tempo.
M. S. T.
ISBN: 978-989-8789-35-8
78 PÁGINAS
Pvp: 9 €
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