segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Bem vindo, Wang Wei






Wang Wei nasceu em 701, no norte da China, onde passou a infância e a juventude, e faleceu em 761. O seu pai desempenhava um alto cargo na administração imperial, a sua mãe era uma fervorosa seguidora do budismo. Desde muito cedo revelou talentos de músico, pintor e poeta. Aos vinte anos foi-lhe atribuído o lugar de secretário para a música na capital da província. Mais tarde foi deportado para o interior, em resultado de uma falta cometida por um seu subordinado. Aos vinte e sete anos retira-se para a montanha e no regresso casa-se. A sua mulher morrerá quando ele tem trinta anos, não mais voltará a casar.

Nesta época florescem o budismo, a pintura de paisagens e a poesia com Li Po e Tu Fu. Este budismo é uma versão taoista chinesa do budismo original indiano e propõe uma união entre o “eu” e a natureza. Trata-se de uma experiência que é revelação imediata e intuitiva do infinito ciclo vital em todos os seres viventes, experiência que mobiliza um intenso sentimento de liberdade e de compaixão com todos as criaturas vivas.   

Influenciado pela mãe, Wang Wei estuda o budismo. Nos seus poemas irá procurar captar o vazio como forma de conhecimento da eternidade. Compreender o vazio é compreender que tudo nos escapa e que não há verdade absoluta. Daqui o acordo necessário entre a arte e o ritmo espontâneo e orgânico da natureza.

De 740 a 755, Wang Wei ocupa funções elevadas na administração da província, mas estas funções são equilibradas com longos retiros na montanha. Em 750 funda um mosteiro para dar abrigo a monges budistas, neste mosteiro passará muitas temporadas em meditação. Em 755, em consequência de uma violenta rebelião, o imperador foge para sul, Wang Wei é encarcerado e a música banida. Em 759, com o regresso ao poder dos antigos senhores, Wang Wei é de novo reconduzido nas suas funções de secretário de estado para a música.


Este é um dos poemas da sua velhice

Com a idade já demasiado lento para compor poemas
Só a velhice por companhia
Nesta vida poeta por engano
Sem dúvida, pintor numa existência anterior
Não podemos abandonar os velhos hábitos
Por acaso conhecido no mundo pelas pessoas
Se o meu nome e apelido concordam
Que sabe o coração verdadeiramente?



Traduzir poesia é verter um líquido precioso de um vaso para outro. Foi o que fiz, neste caso como noutros, a partir de versões em diferentes línguas.
Toda a poesia sofre a marca do Tempo. Alguma, como neste caso, a sua intemporalidade é urgência e chegou passado muito tempo.

M. S. T. 



ISBN: 978-989-8789-35-8
78 PÁGINAS
Pvp: 9 €

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