sexta-feira, 20 de maio de 2016

RUMI, O Círculo do Amor

ISBN: 978-989-8789-20-4
60 páginas
Pvp: 9 €


Djalal al-Din nasceu em 1207, em Balkh, no actual Afganistão, que nesse tempo fazia parte do império persa, e faleceu em 1273, em Konya (Turquia). A família, fugindo das invasões mongóis, entre 1215 e 1220, refugia-se na Turquia.  Por esta razão, Rumi, como ficou a ser conhecido Djalal al-Din, significa “originário da Anatólia romana”.
Em 1244, Rumi conheceu Shams de Tabriz, um derviche errante, que o despertou da letargia de uma vida de académico abastado e o atirou para o desconhecido da razão. Até então, Rumi estivera mais preocupado com o ensino. Também por isto, Rumi era considerado um mestre sufi. Se como professor, teólogo e jurista, Rumi já manifestava insatisfação com os dogmas, seria decisivo o encontro com Shams de Tabriz. Após este encontro, Rumi procura no inconsciente a força vital que pode levar o humano a abandonar a cegueira das convenções. A sua poesia torna-se actuante, ou seja, passa a fazer parte de um todo em que, através da música, da dança e do poema, a comunidade procurava e celebrava a fusão com o divino. Na fana consiste toda a actividade do grupo derviche. Este termo significa anulação do eu individual e a consequente fusão em Deus. Os poemas de Rumi tinham esta finalidade. 

Rainer M. Rilke comentou assim esta dança, que observou no Cairo: “Ela pertence ao mundo em que a profundidade é elevação”.
A dispersão de si é a realização última da consciência. A dispersão, através do Amor universal, é união com Deus. Deste princípio deriva o Humanismo de Rumi.

Em transe e transcendental. Todas as fronteiras se diluem, e assim toda a Criação é convocada para esta epifania. Da união da alma com as criaturas nasce a semente do Amor. Esta semente, que é o centro da Criação, realiza a união na dispersão de todos. É nesta claridade extática que atingimos a magnitude.
Para Rumi, como fora para o filósofo Empédocles, o Amor é a força que mantém o Mundo coeso e estruturado. Estar apaixonado é estar em sintonia com o Mundo, e por esta forma o Amor é o caminho do conhecimento. Neste caminho se anulam as oposições da razão: «Toda a vida é uma viagem em busca do Amigo».

«Recorda-te: tal como fizeres amor
Assim Deus estará contigo.»

 Vivemos uma época crucial para a Humanidade. Erich Fromm alerta-nos para o poder destrutivo acumulado no último século e a consequente alienação mental do Homem. Ainda de acordo com este autor, Rumi e outros humanistas podem ajudar-nos na busca de um Ego que se subtrai à razão convencional, que anula a dialéctica superficial, e que emerge no inconsciente amoroso.
Para esta seleção procuramos reunir alguns dos poemas que o tornaram um expoente do amor místico, ou seja, os poemas que escreveu após o encontro com o solitário Shams de Tabriz. Durante um ano, a vinha destes poemas floresceu e eles amadureceram e caíram no regaço que os acolheu e os transformou em vinho. É um vinho diferente, e num vaso diverso, este que agora servimos à mesa de Rumi.

Oxalá ele mantenha todas as características que fazem um bom vinho.     

«Há um caminho comunicante

Entre a voz e o ser

Que se abre com o silêncio fecundo

E se fecha com o palavreado.»
Versão, selecção e nota final de Manuel Silva-Terra
 

 






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