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Djalal al-Din nasceu em 1207, em
Balkh, no actual Afganistão, que nesse tempo fazia parte do império persa, e
faleceu em 1273, em Konya (Turquia). A família, fugindo das invasões mongóis,
entre 1215 e 1220, refugia-se na Turquia. Por esta razão, Rumi, como ficou a ser
conhecido Djalal al-Din, significa “originário da Anatólia romana”.
Em 1244, Rumi conheceu Shams de
Tabriz, um derviche errante, que o despertou da letargia de uma vida de
académico abastado e o atirou para o desconhecido da razão. Até então, Rumi
estivera mais preocupado com o ensino. Também por isto, Rumi era considerado um
mestre sufi. Se como professor, teólogo e jurista, Rumi já manifestava
insatisfação com os dogmas, seria decisivo o encontro com Shams de Tabriz. Após
este encontro, Rumi procura no inconsciente a força vital que pode levar o
humano a abandonar a cegueira das convenções. A sua poesia torna-se actuante, ou
seja, passa a fazer parte de um todo em que, através da música, da dança e do
poema, a comunidade procurava e celebrava a fusão com o divino. Na fana consiste toda a actividade do grupo
derviche. Este termo significa anulação do eu individual e a consequente fusão
em Deus. Os poemas de Rumi tinham esta finalidade.
Rainer M. Rilke comentou assim
esta dança, que observou no Cairo: “Ela pertence ao mundo em que a profundidade
é elevação”.
A dispersão de si é a realização
última da consciência. A dispersão, através do Amor universal, é união com
Deus. Deste princípio deriva o Humanismo de Rumi.
Em transe e transcendental.
Todas as fronteiras se diluem, e assim toda a Criação é convocada para esta epifania.
Da união da alma com as criaturas nasce a semente do Amor. Esta semente, que é o
centro da Criação, realiza a união na dispersão de todos. É nesta claridade extática
que atingimos a magnitude.
Para Rumi, como fora para o
filósofo Empédocles, o Amor é a força que mantém o Mundo coeso e estruturado. Estar
apaixonado é estar em sintonia com o Mundo, e por esta forma o Amor é o caminho
do conhecimento. Neste caminho se anulam as oposições da razão: «Toda a vida é
uma viagem em busca do Amigo».
«Recorda-te: tal como fizeres
amor
Assim Deus estará contigo.»
Oxalá ele mantenha todas as
características que fazem um bom vinho.
«Há um caminho comunicante
Entre a voz e o ser
Que se abre com o silêncio
fecundo
E se fecha com o palavreado.»
Versão, selecção e nota final de Manuel Silva-Terra
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