domingo, 23 de novembro de 2014

Uma página de O ESPLENDOR DE UMA COISA INOCENTE, de Gilda Nunes Barata

29.
Não tenho mais nada a dizer.
O meu testamento encerrou-me a mim primeiro.
Ele quer que seja eu primeiro a morrer
E depois ele a viver.
Prevalece.
Nele é tudo verdade.
Encerrraram-mo para eu não o ver.


30.
Perdi a vida
Ao mesmo tempo que respirava,
Que retirava da minha respiração um poço,
Uma charrua.
Está tudo tão vivo.
Tudo me deixou uma semente.


31.
Olhos dentro dos meus olhos
Vêem a todo o tempo
A morte.
Eu não posso matar os meus olhos.
Mas prometo que matei a vida.

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